terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Remindo o tempo


Dispenso uma janela de tempo
Ao silêncio da intermitência
Entre as gotas
Das telhas brancas.

Cada gota queda
Ao seu íntimo gosto
Na expressão do bel-prazer
Das efemeridades
Instantâneas.

Do toque da gota na poça
Emana dispersão de essência
Partindo do centro do enlace
Aos contornos das extremidades.

É lindo de presenciar
A circular nuance
Se esvaindo aos limites distantes
Dos liquefeitos vapores!

Cada suave crina
Abraça os círculos
Prévios, sucessivos,
Posteriores.

A canção continua como sina,
Em imprevisível sequência.

E o tempo é sempre escasso.
Como no presente caso
Sua ciência.

15/01/2010

A estrela lá das tantas


De madrugada me levanto às tantas
E ouço somente o som do ermo
E do vento que o preenche.

Levo meus olhos acima do monte,
Através do basculante do quarto,
E acho a estrela distante,
Cintilante bailarina espelhada.

A estrela solitária saúdo
Com o sorriso de lua cheia
E mareio os olhos por instinto.

Tudo no instante cheira
A hortelã e a geada
E a bailarina flutuada
Aguarda a hora certeira do sorriso.

Madrugada de gelo,
Degelo e gente dormindo.
Logo, logo se abre a aurora;

E tudo que nos resta agora
É o desejo que sorrindo esteja
A brilhante estrela cuja luz foi embora.

21/01/2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Taça


Quero essa taça.
Essa de puro cristal, cheia de líquido víscido,
Espumante, que extenua olhares fluidos.

Deixa-me deslizar o dedo pela tez da taça
E desenhar formas inexistentes, inusitadas,
Ao remover as gotículas condensadas
Dos vapores do ar.

Deixa-me inclinar levemente a taça
E, delicadamente, pender seu líquido,
Perder o equilíbrio, apreciar as leves bolhas que ascendem
À dispersão.

Deixa-me sorver cada gota dessa bebida,
Que os loucos sacia,
Só os doidos inebria,
E os de dupla alma embriaga.

Deixa-me beber da taça de sonhos improváveis,
Dos devaneios irrealizáveis,
Que somente nas esferas poéticas
São satisfeitos
E satisfazem.

21/12/2009

2016


Pira a pira / Pirapora
Pororoca / Tora.

Pira apita / Pira afora
Pira vinda / Torra.

Gira Olimpo / Carioca
O não gringo / Chora.

Zeus sorrindo / Porca engorda
E o Cristo / Sangra.


06/01/2010

Uma questão de essência


Por mais que seja clichê
O crochê entre tempo e vento,
Haveria melhor repente
Entre os dois entes?

08/01/2010