segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O que é meu

Em algumas noites frias
A lua se silencia
A estrela toma outra via
E, de tão densas,
Palmeio trevas.

Neste meio... pirilampo
Ah, pirilampo...
Ínterim de brilho de farol
E dureza fosca de amianto.

Se isso está me restando
Minha mão lanço
Apalpo
Agarro
Retenho tudo que tenho
Afago tudo o que é meu:

A singela luz que amorna o peito
E o silêncio maciço do breu.

 

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Flores

Quero um jardim
Daqueles com multiflores
Daquelas com multicores
Idênticas às que levo
Dentro de mim.

Quero pôr meu chapéu de jardineiro
E cuidar da cada pedaço de vastidão
Desta miríade de estrelas
Plantadas nesta terra de chão:
Meu início
Meu meio
Minha essência
Meu fim.

Se alguém achar estranho
Um homem flores amando
Tudo bem, não me acanho,
Não sou um homem qualquer
Sou um tronco.

Foi na cruz

Foi na cruz, foi na cruz
Onde um dia eu vi

Eu me vi

E senti
Os caminhos
Dos múltiplos
Sentidos.

É na cruz, é na cruz
Que por um deles decidi,
Decidirei
E decido.

Os quatro braços da cruz
São braços que, confesso,
Não fazem jus
Aos números
Infinitos.

A cruz esconde multibraços
Ramificações de opções de perder.

A cruz é cruz pelo sofrimento da morte
E pelo sofrimento das decisões de morrer.

Dia sagrado

Domingo
Sagrado domínio
Infortúnio das feiras
E do sábado
Condenados à plebe
Do não-sacro.

Não-sacro?

Se Deus trabalha ainda
Como em seis dias descanso
E só no primeiro
Trabalho?