segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sem conservantes


Na escrivaninha,
Dentro do poeta,
Quietinha, sozinha,
Desvela-se a senhora poesia
No mundo regido pela ditadura
Da palavra muda.

A palavra, como já disseram,
E coisa extremamente dura
Fixa
Rocha
Pedra
Liga de aço.

A poesia não se importa
Não se abate
Não debate
Nem liga ao que faço.

A poesia é soberana
E deliciosamente engana
Dentro dos limites etéreos
Mal determinados
Do campo minado
Da água humana.

Ou seja,
De perto à Londres
Da porta ao longe.
Do pecado ao monge.

A energia,
Pela Física,
É coisa que se conserva,
Eterna,
Que desde eras
Tem em mesma quantidade:

Não é destruída
Não é gerada
É repaginada
Num ciclo de novidades
E velharias.

A poesia
Destrói a Física,
Destrona Galileu,
Newton e Einstein.

Faz da nudez,
Suas asas;
Traz da mudez
Suas falas;

Do nada
Faz um universo
De possíveis ecos
Pais de revérberos
Profusão que irradia.

A poesia,
Diferente da energia,
Nem a si
Nem ao poeta
Conserva.

22/09/2009

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